Volta Rápida: Honda CBR 500R amplia porta de entrada para as esportivas
Quando a Honda apresentou a nova linha 500, ano passado, tudo levava a crer que a CBR seria a menos amigável das três opções da família – além dela, existe a naked F e a crossover X. Afinal, esportivas costumam judiar de você pela suspensão dura e a posição de pilotagem mais curvada. Mas bastou o primeiro contato com a R para que esse pensamento fosse embora junto com as curvas do autódromo Vello Città, no interior paulista, onde a Honda apresentou a nova “CBRzinha”, rival da Kawasaki Ninja 300 no segmento de acesso às motos esportivas. Confira agora o que rolou!
O que é? A CBR é basicamente a versão carenada da CB 500 F. E isso inclui ser uma moto leve e compacta, com concentração de massas no centro e um chassis do tipo diamond frame que alia rigidez e flexibilidade com o motor fazendo parte do quadro. São duas estruturas, sendo uma para o conjunto dianteiro, motor e balança traseira, e outra aparafusada à primeira para o restante da moto a partir do banco do piloto. O motor é já conhecido bicilíndrico de 471 cc com duplo comando de válvulas no cabeçote, com 50,4 cv de potência e 4,55 kgfm de torque, que prima pela suavidade de funcionamento e linearidade nas respostas.
As suspensões também são semelhantes às da 500F, com garfos telescópicos na dianteira e monoamortecida do tipo pró-link (três pontos de articulação, garantindo maior contato do pneu com o solo) na traseira. Ela mantém os nove níveis de regulagens da pré-carga do amortecedor e o curso de 120 mm na frente e 119 mm atrás, mas traz como diferença o tubo interno dos garfos dianteiros, que são mais compridos para acoplar os semi guidões.
As rodas de alumínio aro 17¨ vêm vestidas, inicialmente, com pneus da marca Dunlop (poderá vir a ser Pirelli) nas medidas 120/70 ZR-17 na dianteira e 160/60 ZR na traseira. Os freios são a disco com acionamento hidráulico, sendo um único na dianteira com 320 mm de diâmetro e pinça de duplo pistão, e um na traseira com 240 mm e pinça simples. O ABS é opcional somente na CBR com pintura branca.
E é justamente na moto branca que enxergamos com mais clareza a “mini CBR 1000″ que a Honda fez com essa 500. Em relação à irmã naked F, o maior apelo da R está justamente no visual inspirado nas esportivas maiores da marca. Basta reparar na carenagem com os faróis duplos, nos semiguidões e nos retrovisores fixados na carenagem para saber que estamos diante de uma CBR. Os faróis vêm com lâmpadas halógenas de 55 watts e o painel (totalmente digital) traz iluminação na cor branca – na F é azul. O quadro de instrumentos engloba velocímetro, conta-giros, relógio, hodômetro (total e parcial), medidores de consumo instantâneo e médio, e indicadores de avarias do motor.
Como anda?Nós sempre elogiamos a 500F aqui no CARPLACE MOTO pela facilidade de pilotagem, e com a R não foi diferente. O equilíbrio dinâmico, os engates de marcha suaves e precisos, a aceleração rápida e progressiva, os freios eficientes… tudo foi mantido da versão naked. Procuro então me ater à diferença da posição de pilotagem em que me encontro, mas sinceramente quase não sinto. A maior novidade mesmo fica por conta da proteção aerodinâmica fornecida pela “bolha para-brisa”, que permite a você se abaixar atrás dela para não tomar o vento no peito. Outra mudança é que os retrovisores posicionados mais à frente facilitam a visão periférica.
Sigo o circuito curtindo a tranquilidade de estar num local onde a atenção fica voltada ao prazer da pilotagem. A CBR é muito fácil de mudar de direção, leve para apontar na sequencia de curvas e dócil para reacelerar nas saídas de tangente. Durante nossas oito voltas em três baterias, em nenhum momento me surpreendi com as reações da moto. E, observando as baterias de colegas “criados” na pista e até professores de pilotagem, constatei que ela aceita bem as condições extremas.
Comparando com a Ninjinha 300, a vantagem óbvia da Honda surge no torque mais presente numa ampla faixa de rotações, enquanto na Kawa é preciso “encher a mão” para que ela mostre a que veio. Além disso, tanto o torque quanto a potência são maiores que na rival. Por fim, a CBR 500R surpreende por manter a proposta amigável da F com vantagens: devido à largura total ser de 740 mm contra 780 mm da 500F, isso favorece a passagem entre os carros, enquanto a posição de pilotagem não chega a ser tão inclinada a ponto de ficar desconfortável. Então esteja ciente de que você deverá fazer um “test-ride” em ambas, pois poderá mudar de ideia se sua escolha inicial for a 500F.
Quanto custa?A Honda aposta tanto na CBR que espera que a esportiva emplaque as mesmas 6 mil unidades/ano da 500F. O preço é de exatos R$ 1 mil a mais que a irmã naked, com valores de R$ 23 mil (Standard) e R$ 24.500 (c/ABS). A ideia é atrair novos usuários, proprietários de modelos de 250 e 300 cc Sport e naked, e também os de motocicletas Sport de alta cilindrada usadas. Para quem se animou, outra boa notícia é que haverá uma categoria Honda CBR 500R em breve nas pistas brasileiras.
Por Eduardo Silveira, de Mogi Guaçu (SP)
Viagem a convite da Honda
Ficha técnica – Honda CBR 500R
Motor: dois cilindros em linha, 8 válvulas, 471 cm3, injeção eletrônica, comando duplo no cabeçote, refrigeração líquida, gasolina; Potência: 50,4 cv a 8.500 rpm; Torque: 4,55 kgfm a 7.000 rpm; Transmissão: câmbio de seis marchas, transmissão por corrente; Quadro: estrutura tipo diamond frame de aço; Suspensão: garfo telescópico na dianteira (120 mm de curso) e pró-link na traseira com ajuste da pré-carga da mola (119 mm de curso); Freios: disco tipo margarida na dianteira (320 mm) e disco na traseira (240 mm), com ABS opcional; Pneus: 120/70 aro 17 na dianteira e 160/60 aro 17 na traseira; Peso: 183 kg (ABS); Capacidades: tanque 15,7 litros; Dimensões: comprimento 2.075 mm, largura 740 mm, altura 1.1145 mm, altura do assento 785 mm, entre-eixos 1.410 mm