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Teste: Honda CB 500X - O elemento X

Teste: Honda CB 500X - O elemento X

Honda fecha o cerco no segmento de média-alta cilindrada com a versão crossover da linha CB 500

por Eduardo Rocha
Auto Press

Por princípio, a Honda não costuma deixar lacunas no mercado brasileiro de motocicletas. E quando decidiu produzir no Brasil a linha CB 500, tinha duas ideias básicas. A primeira era criar um degrau superior para atrair consumidores de modelos de média cilindrada – principalmente da sua linha de 300 cc. A outra era utilizar uma mesma base de construção – leia-se chassi, motor, suspensão, rodas, pneus, painel... – para explorar três segmentos diferentes. O último integrante dessa linha é exatamente a moto que a Honda aposta mais: a CB 500X. Este terceiro elemento vem para atuar no segmento que vem se mostrando o mais promissor no país, o de crossovers. São modelos com posição de pilotagem próxima à das trail e curso de suspensão maior, mas que se dão muito bem no asfalto. Ou seja: se adaptam ao relevo irregular das cidades e estradas brasileiras. E esse é certamente um dos motivos do crescimento arrebatador.

Há coisa de seis meses, quando chegou a primeira das três, a naked CB 500F, a montadora acreditava que ela seria o gênero de moto preferido e responderia por praticamente metade da linha. Afinal, é analogamente o que acontece na linha 300. Neste meio-tempo, a Honda até lançou versão esporte, CBR 500R, mais fácil de produzir por ser bem semelhante à F. A projeção era chegar no máximo a 20% do mix. Só que isso vem mudando rapidamente. Apenas no mês de abril, que marcou sua chegada, sem alardes, às concessionárias, a CB 500X vendeu quase o dobro das outras duas somadas. Foram 522 unidades contra 158 da F e 113 da R. Sem dúvida, aí há o efeito da novidade. Por outro lado, a crossover é ligeiramente mais cara que as outras configurações.

O preço, na verdade, é um dos elementos que faz a Honda acreditar em 20 mil unidades computadas da linha de 500 cc no ano de 2015 – em 2014, a soma deve ficar em pouco mais de 10 mil vendas. E a aposta tem um bom motivo: o desenho do mercado de trail/crossover no Brasil. Os modelos de média cilindrada – até 300 cc –, custam em torno de R$ 15 mil. Depois deles, só existiam os de alta – acima de 600 cc –, com valores acima de R$ 30 mil. Mas a posição da 500X diante disso é competitiva a ponto de o preço mais elevado não arrefecer as vendas. A situação é tão folgada que a Honda acredita que a crossover marcará a supremacia de vendas de configurações com ABS, com 51% do total.

Algumas peculiaridades da CB 500X também acabam justificando o fato de ela ser mais cara que a R e a F. Para começar, é a mais vestida. Sua carenagem cobre frente, tanque e boa parte do motor e ainda tem um pequeno para-brisa. Outras diferenças: a mesa à frente do piloto foi elevada, o assento subiu 25 mm e o curso da suspensão dianteira cresceu em 20 mm – passou para 140 mm. Com essas mudanças, o guidão é mais alto e o ângulo de cáster tem 1º a mais. Como os amortecedores telescópicos ficaram mais inclinados, o entre-eixos também aumentou 10 mm. Tudo isso redefiniu a posição de pilotagem. O condutor fica mais ereto, numa postura menos cansativa. Outro detalhe que muda nas versões é a cor do painel. Ele é âmbar na X, branco na R e azul na F. Todas as demais características da linha CB 500 se mantiveram. O motor tem dois cilindros paralelos e rende 50,4 cv a 8.500 giros e o torque é de 4,55 kfgm a 7 mil giros. O chassi é tipo diamont, com treliças na parte anterior e a suspensão traseira pro-link.

Primeiras impressões

Postura positiva

Uma das características mais marcantes da linha CB 500 da Honda é a suavidade. O motor sobe de giro de forma progressiva e quase inaudível, mas com o vigor esperado de uma moto de 50 cv. A suspensão copia bem o piso, mantém a roda sempre em contato com o chão, ao mesmo tempo que filtra com eficiência as irregularidades. O chassi não torce nas curvas e permite que se desenhe a trajétória com precisão. O câmbio absorve as marchas sem trancos nem pigarros. O que muda mesmo entre as versões é a posição de pilotar. Forçada para a frente na CBR 500R, ligeiramente inclinada na CB 500F e mais ereta na CB 500X. E isso muda tudo. A favor da crossover.

Ao elevar o tronco do piloto, a massa é melhor distribuída entre os dois eixos, o que torna a pilotagem ainda mais fácil. Na esportiva R, é preciso se policiar o tempo todo para dividir o peso entre o joelho no tanque e o guidão, sob o risco de deixar a direção muito carregada. Em menor escala, isso se repete na naked F. Na X, o equilíbrio acontece naturalmente. Obviamente, em velocidades acima de 100 km/h, o vento acaba atingindo mais o corpo do piloto. O incômodo aerodinâmico é minimizado pelo pequeno para-brisa, mas não surpimido. Já em situações urbanas, a 500X fica plenamente à vontade. E ainda tem um curso de amortecedor dianteiro maior para enfrentar a pavimentação distante do “padrão fifa” que as ruas brasileiras apresentam.

 

Ficha técnica

Honda CB 500X

Motor: A gasolina, quatro tempos, dois cilindros, quatro válvulas por cilindro, 471 cm³, duplo comando no cabeçote e arrefecimento líquido. Injeção eletrônica.

Câmbio: Manual de seis marchas com transmissão por corrente.
Potência máxima: 50,4 cv a 8.500 rpm.
Torque máximo: 4,55 kgfm a 7 mil rpm
Diâmetro e curso: 67,0 mm x 66,8 mm.
Taxa de compressão: 10,7:1.
Suspensão: Dianteira com garfo invertido telescópico com 140 mm de curso e traseira com braço oscilante Pro Link e 119 mm de curso.
Pneus: 120/70 R17 na frente e 160/60 R17 atrás.
Freios: Disco de 320 mm na frente e disco de 240 mm atrás. ABS opcional
Dimensões: 2,07 metros de comprimento total, 0,78 m de largura, 1,41 m de distância entre-eixos e 0,81 m de altura do assento.
Peso seco: 180 kg (182 kg com ABS).
Tanque do combustível: 17 litros.
Produção: Manaus, Brasil.
Lançamento: 2014.
 
 

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